Uma perda auditiva profunda não me impediu de conquistar meus sonhos
“Conquistei três medalhas de ouro nos Jogos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc) em 2018, quatro medalhas de ouro no mesmo campeonato em 2019 e duas medalhas de prata nas Surdolimpíadas em 2021, o que literalmente mudou a minha vida. Em 2022, ganhei cinco medalhas de prata e uma de ouro no Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de Natação. Ganhei mais confiança e também melhorei meu desempenho, o que me inspirou a sonhar mais alto.” (Foto cortesia de Mariana de Andrade)
Esse artigo foi escrito em colaboração com Cochlear Implants.
Ainda bebê, Mariana de Andrade foi diagnosticada com surdez nos dois ouvidos. Hoje, é medalhista de natação e estuda fonoaudiologia para ajudar crianças a superar os desafios da perda auditiva.
Nasci prematuramente aos seis meses e com 879 gramas devido a complicações de saúde que minha mãe teve durante a gestação. Fiquei por quase três meses em uma incubadora e tive muitas complicações, incluindo uma hemorragia pulmonar e várias paradas cardíacas. Quando comecei a apresentar melhoras, tive uma infecção generalizada. A equipe médica disse para minha mãe que eu até poderia sobreviver, mas poderia perder a audição e a visão por causa do antibiótico que iriam me dar. A resposta da minha mãe foi: “Quero minha filha viva!”.
Quando deixei o hospital, comecei a usar óculos. O exame BERA, um dos mais avançados na época para identificar perda auditiva, mostrou que eu não podia escutar com nenhum dos meus ouvidos. Mas o mais importante é que eu lutei para viver. E a correria começou.
(Foto cortesia de Mariana de Andrade)
Aos seis meses de vida, fiz um teste com um aparelho auditivo em um centro médico no interior de São Paulo. Com um ano de idade, recebi um implante coclear, um pequeno dispositivo eletrônico que me proporcionou uma melhor percepção do som. Há 18 anos, havia pouquíssimas informações sobre implantes cocleares, e os aparelhos eram bem grandes e pesados. Meu implante era uma caixa que ficava conectada às minhas orelhas por meio de cabos bem longos. Minha mãe fixava essa caixa em um sutiã para que não caísse com facilidade e para que eu pudesse correr e brincar.
A partir de então, minha vida começou a ficar colorida e cheia de sons. Graças a Deus, ao implante coclear, minha família e muitas e muitos profissionais da saúde, tudo deu certo. Consegui frequentar a escola normalmente, mas não foi fácil. Tive uma dificuldade extrema de interpretar textos e precisava sentar bem perto da professora para conseguir fazer leitura labial. A escola teve muitos altos e baixos. Não tinha muitos amigos, mas consegui atravessar esse período.
“Meu sonho é ajudar crianças que não têm acesso à terapia da fala, compartilhar minha experiência de vida e dizer a elas que podemos realizar nossos sonhos apenas acreditando em nós mesmos.”
Hoje, sou atleta de natação. Conquistei três medalhas de ouro nos Jogos Paradesportivos de Santa Catarina (Parajasc) em 2018, quatro medalhas de ouro no mesmo campeonato em 2019 e duas medalhas de prata nas Surdolimpíadas em 2021, o que literalmente mudou a minha vida. Em 2022, ganhei cinco medalhas de prata e uma de ouro no Campeonato Brasileiro Loterias Caixa de Natação. Ganhei mais confiança e também melhorei meu desempenho, o que me inspirou a sonhar mais alto.
Em 2023, finalmente alcancei o cenário global. Participei do 6º Campeonato Mundial de Natação de Surdos, na Argentina, e cheguei às semifinais. Em dezembro de 2023, irei participar de três outras competições, uma delas no Equador.
(Foto cortesia de Mariana de Andrade)
Hoje em dia, consigo falar bem. Utilizo um implante coclear apenas no lado esquerdo. Não uso mais óculos. Sou membro da Associação Paralímpica de Joinville (APJ), que sempre busca atletas com deficiência para praticar esportes.
Minha vida mudou tremendamente e sou grata por poder contar minha história. Antes de me tornar uma atleta, tinha o sonho de ser fonoaudióloga. Em 2022, comecei a estudar fonoaudiologia em uma universidade de Joinville. Trabalho também como instrutora de natação para crianças. Meu sonho é ajudar crianças que não têm acesso à terapia da fala, compartilhar minha experiência de vida e dizer a elas que podemos realizar nossos sonhos apenas acreditando em nós mesmos.
(Foto cortesia de Mariana de Andrade)
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