"A linguagem de programação me deu voz."

Tess Thomas  | 

(Courtesy of Abisoye Ajayi-Akinfolarin)

(Courtesy of Abisoye Ajayi-Akinfolarin)

Estas estudantes nigerianas estão utilizando linguagem de programação para solucionar os maiores problemas de sua comunidade.

Antes de participar da iniciativa GirlsCoding, Mariam, aos 13 anos, nunca tinha usado um computador. Em Lagos, onde ela mora, as escolas não oferecem acesso à tecnologia e muitas garotas nem sequer estão matriculadas.

O GirlsCoding é um programa especial da Pearls Africa Foundation, uma organização fundada pela engenheira de software Abisoye Ajayi-Akinfolarin. A Pearls Africa Foundation ensina as habilidades de que as garotas nigerianas precisam para prosperar no mercado de trabalho, o que inclui ajudar garotas como Mariam a aprender programação. Depois de apenas dois anos, Mariam sabe HTML e JavaScript, e está desenvolvendo seu próprio site para promover a conscientização sobre segurança alimentar na Nigéria.

Muitas das garotas que participam da iniciativa GirlsCoding são de Makoko, a comunidade onde Mariam vive. Makoko é a maior favela flutuante do mundo. Todo o assentamento de cerca de 400 mil pessoas foi construído sobre palafitas. Pobreza, casamento precoce, gravidez na adolescência e discriminação de gênero impedem muitas garotas em Makoko de ir para a escola.

A Pearls Africa Foundation oferece às garotas que vivem em Makoko transporte depois do período letivo para que elas frequentem as aulas do GirlsCoding. Para muitas garotas como Mariam, este é o primeiro contato com os computadores. As aulas começam com as noções básicas de como os computadores funcionam antes de se aprofundar em linguagens de programação como HTML, Python, JavaScript e CSS.

Abisoye with Mariam and Nosirat. (Courtesy of Abisoye Ajayi-Akinfolarin)

Abisoye with Mariam and Nosirat. (Courtesy of Abisoye Ajayi-Akinfolarin)

Um alicerce do GirlsCoding é o projeto plurianual no qual as garotas trabalham para solucionar um problema em suas comunidades através da programação. Abisoye começa pedindo que cada garota identifique um problema que veem. Para Mariam, ela pensou em segurança alimentar e em como os produtores locais não estão produzindo o suficiente para alimentar suas comunidades. Sua amiga Nosirat, de 13 anos, escolheu a mutilação genital feminina (MGF).

O site de Nosirat está voltado para orientar os usuários sobre o que é MGF e incentivá-los a defender o fim da prática. Outro grupo de garotas de Makoko criou um site para ajudar um pescador local a ganhar mais dinheiro. O site permite que os compradores de Lagos comprem peixe diretamente do pescador, eliminando o intermediário e aumentando os lucros.

Além de dar aulas para as garotas em Makoko depois da escola, Abisoye também oferece um programa intensivo de verão para garotas sem-teto que vivem em acampamentos nos arredores de Lagos. Abisoye explica que a maior parte dessas garotas fugiu do Boko Haram no norte da Nigéria. Ela está ajudando as garotas a criar um site no qual possam contar suas histórias.

Antes da participação das garotas nas aulas do GirlsCoding, Abisoye diz que há uma limitação no que elas sonham para o futuro. Mas depois de aprender essas novas habilidades, as garotas começam a se imaginar em carreiras diferentes e Abisoye agora ouvirá: "quero ser engenheira de software" ou "quero ser desenvolvedora".

"Estou proporcionando a elas habilidades que provavelmente jamais aprenderão na escola porque não frequentam instituições que ensinam o que elas podem usar nos empregos no futuro", afirma Abisoye sobre a GirlsCoding. Aos 13 anos, Nosirat reconhece a importância do trabalho de Abisoye na mudança de sua vida e da vida de suas colegas: "o que ela está fazendo agora nos transforma nas líderes de amanhã. É importante para as garotas aprender tecnologia e habilidades de programação para que não sejam deixadas para trás."

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Tess Thomas

is the former editor of Assembly. She loves books, cats and french fries.